Estes dias eu estava falando com Dona Edna, uma senhora idosa, sobre pessoas com personalidades múltiplas. Então, no meio da conversa eu comentei que talvez sofresse deste problema, pois meu comportamento variava muito como se eu fosse criaturas distintas em diversos momentos da vida, mas que eu não chegava a ter um comportamento bipolar que, especificadamente, oscila entre a depressão e a euforia. Assim, minha amiga comentou:
- Se por acaso você acha que sofre de personalidades múltiplas, eu recomendo ter uma Matryoshka.
Desta maneira, indaguei:
- Mastryoshka? O que é isto?
Edna explicou:
- São bonecas orientais, que uma vem dentro da outra. Reza a lenda que se uma mulher tem personalidades múltiplas e coloca este brinquedo na cabeceira da sua cama, suas personalidades periféricas vão para dentro desta boneca. Seria como se os vários espíritos existentes no seu corpo formassem uma pessoa só.
Depois, desta conversa procurei uma Mastryoshka para comprar e, justamente, consegui achar este brinquedo em uma loja de artigos religiosos. Além disto, pesquisei as várias lendas urbanas que acompanham este objeto:
Lenda Japonesa:
No Japão antigo, os sete deuses da fortuna eram representados por um boneco principal que continha outros dentro deles.
No norte todo Japão há a tradição da boneca Kokeshi, que simboliza os espíritos de crianças mortas até os 12 meses de idade. Reza a lenda que estes bebês têm suas almas fixadas dentro das Kokeshis para não se perderem no mundo e nem no limbo. Por isto quando o corpo da criança é queimado, os familiares guardam suas cinzas dentro destas bonecas.
Lenda Russa:
No século dezenove, o artista plástico Sergey Malyutin foi até o Japão e se encantou pelas bonecas Kokeshis. Então, pensou:
- Seria bom se eu fizesse um brinquedo deste modelo.
Algum tempo se passou e ele decidiu fazer uma boneca de madeira qualquer, pois já tinha se esquecido de sua viagem ao Japão.
Esta obra de arte ficou muito bonita, por isto ele a colocou na cabeceira da sua cama e a batizou de Mastryoshka. Uma noite o artesão sonhou que esta boneca gostaria de engravidar e ter uma filha para ser feliz. Assim, Sergey esculpiu uma filha para a boneca que batizou de Trioshka. Deste jeito, o artista cerrou a boneca grande ao meio e colocou a filha dentro dela, para que sentisse a sensação de gravidez. Porém, algum tempo depois, Trioshka também pediu um bebê e ele esculpiu outra boneca chamada Oshka, que também pediu por uma filhinha. Porém,
antes de por o novo brinquedo dentro de Oshka, Sergey teve uma idéia: para evitar que a nova boneca também quisesse um rebento, o artesão pintou um bigode em sua última criação, dando assim, início à lenda que envolve as bonequinhas conhecidas por seu encaixe umas nas outras.
Lenda da Mamãe Noel:
Marlene era uma artesã que morava com Marta, sua irmã, que era mãe solteira de sete meninas. A artista sempre sonhava em dar presentes ás suas sobrinhas no Natal, mas não tinha dinheiro. Até que um dia ela teve a idéia de fazer bonecas de madeira em seus momentos de folga. Como esta moça tinha medo que suas sobrinhas descobrissem a surpresa, ela escondia uma boneca dentro da outra.
Lenda do Guru do Cabral:
Na cidade de Curitiba, num bairro chamado Cabral, existia um “curandeiro” que tratava de pessoas com várias moléstias, inclusive doenças mentais. Um certo dia, uma mulher trouxe sua filha, que tinha transtornos de personalidades múltiplas, para a tenda deste mago. Naquele instante, o bruxo pegou uma Matryoshka, fez uma oração e a menina voltou ao normal. Mas, no final o benzedor pediu:
- Todos os espíritos que estavam perturbando a sua filha foram para dentro desta boneca que possui outras bonequinhas dentro. Cada uma delas representa uma alma diferente. Caso alguém abra boneca por boneca, sua filha voltará a ter personalidades múltiplas, pois os espíritos perturbadores se libertarão.
Reza lenda que depois de um ano, uma criança achou a boneca e retirou as bonequinhas de dentro dela. Por isto a menina voltou a ter várias personalidades, novamente, e foi internada em um hospital psiquiátrico.
Fonte: mr. malas lendas urbanas
Nenhum comentário:
Postar um comentário